Geração Z: equilíbrio entre vida, estudo e trabalho
- Ana Luiza Santos e Edgar Jacobs
- 15 de mai.
- 6 min de leitura
Na definição da Revista Science Direct, em tradução livre, a geração Z é a mais jovem geração em nossa sociedade, consistente de indivíduos nascidos entre 1997 e 2012 e cuja referência principal é a de estar em um mundo digital dominante, desde o nascimento. É uma geração dependente da tecnologia e, como ainda é bastante jovem, poucas são as pesquisas sobre o impacto global dessa dependência em sua realidade.
Em nosso texto de hoje vamos apresentar uma pesquisa realizada pela Udemy Business, intitulada “A geração Z no ambiente de trabalho: Dando as boas-vindas à próxima geração.” O estudo reconhece as características da geração Z no ambiente de trabalho, incluindo seus desejos e necessidades, ajudando, portanto, as IES, a atender de forma mais efetivas as expectativas e necessidades de seus alunos, assim como trabalhar melhor ao lado deles.
Importante o fato de que a geração Z é a mais nova a entrar no mercado. Com a geração anterior se aposentando, ela vai compor, eventualmente, o maior grupo na força de trabalho.
Dando as boas-vindas à próxima geração
A geração Z é composta por alunos. De acordo com a pesquisa citada, quase todos os participantes da geração Z (94%) se dedicam pelo menos uma hora por semana ao aprendizado, e metade (50%) passa cinco horas ou mais por semana estudando.
Eles percebem o poder e o valor do estudo. Seja para obter os benefícios pessoais do aprendizado, seja para realizar um desejo prático de desenvolver habilidades profissionais para manter a competitividade e aumentar o potencial de ganhos, este indivíduo está mais motivado do que os millennials ou a geração X. A pesquisa mostra que, no quesito estudar para aumentar o potencial de ganho, a geração Z está sete pontos percentuais acima de seus colegas da geração X (61% da geração Z x 54% da geração X), ilustrando seu foco pragmático no impacto potencial do aprendizado em seus salários. E ainda que o potencial de ganho seja importante, essa ainda é a segunda motivação. A primeira é o crescimento pessoal e o autoaprimoramento.
Na pesquisa, quando consideraram as motivações de aprendizado menos comuns, a situação se modificou: as motivações incluem o aprendizado como requisito para um avanço ou uma certificação profissional; para fazer um impacto positivo na comunidade ou sociedade; para atender a um sentimento de dever ou responsabilidade para com a família ou comunidade ou como reconhecimento social ou status associado a qualificações adicionais, o que se alinha à reputação da geração Z de focar nos impactos de suas ações na comunidade e sociedade.
A geração Z valoriza o feedback da liderança sênior e também quer um feedback que a motive a estudar.
Formas e métodos de aprendizado
Grande parte dos entrevistados afirmou que seu método preferido de aprendizado é por meio de cursos totalmente online (44%), método que aparece acima de qualquer outro de entrega de aprendizado.
O segundo método preferido é trabalhar em projetos reais (12%), seguido por aulas ou oficinas presenciais (9%). As preferências por métodos de aprendizado contínuos, situacionais e presenciais, de acordo com o estudo analisado, contradiz muitos dos estereótipos sobre a geração Z, que muitas vezes sugerem que seus métodos preferidos para absorver informação é por meio de redes sociais, principalmente em vídeos curtos.
“Na nossa pesquisa, a geração Z na verdade informa uma preferência menor por aprendizado em tutoriais online de curta duração (6%) do que os millennials (7%) ou a geração X (8%), e embora apenas 5% dos participantes da geração Z afirmem que preferem estudar por meio de plataformas de redes sociais com especialistas ou influenciadores, essa é uma porcentagem maior do que de millennials (4%) ou geração X (3%).” (Trecho da pesquisa “A geração Z no ambiente de trabalho: Dando as boas-vindas à próxima geração.”)
A IA generativa no aprendizado
A pesquisa trabalhou com uma suposição inicial de que a geração Z seria menos resistente e mais pronta para adotar a IA Gen, tanto no trabalho quanto no aprendizado. No entanto, os dados mostraram que não é sempre o caso.
Os resultados mostraram que a geração Z tem menor probabilidade de usar IA Gen no aprendizado (70%) do que a geração X (72%) ou millennials (73%), e 13% dos participantes da geração Z são céticos em relação a qualquer tipo de uso (em comparação com apenas 9% de outras gerações). Da mesma forma, a geração Z avalia de forma mais pessimista o aprendizado personalizado com base em IA se comparada com millennials ou a geração X.
Ao mesmo tempo, a geração Z entende úteis algumas das experiências de aprendizado personalizado trazidas pela IA, como as trilhas de aprendizado, a assistência e orientação em tempo real e cronogramas de aprendizado flexíveis de acordo com o ritmo de cada pessoa. São hipóteses que se relacionam com a disposição dessa geração de aprender.
Fato é que todas as gerações estão preocupadas com o potencial da IA Gen de incorporar vieses em suas experiências de aprendizado, mas, nos dados da pesquisa, a geração Z mostra mais preocupação sobre a precisão da IA.
Estereótipos
Os achados do relatório mostraram que existem muitos estereótipos sobre a geração Z e isso implica que ela tem um caminho a percorrer quando se trata de lidar com as opiniões de gerações mais velhas, principalmente no trabalho.
Para que exista uma integração eficiente nos ambientes corporativos, por exemplo, é importante que os líderes organizacionais entendam melhor esta geração e abordem diretamente esses estereótipos geracionais. Isso se aplica aos trabalhadores mais jovens e às outras gerações.
Considerando que a geração Z passou por uma pandemia durante seus anos de formação, juntamente com o crescente fato de que o clima global está em perigo, ela está repensando identidade e rótulos tradicionais, muitas vezes, nos termos do estudo, abraçando gênero e sexualidade não binários. Muitos indivíduos também enfrentam desafios de saúde mental, são expansivos e determinados, e esperam que os empregadores e as organizações se posicionem em relação a questões que consideram importantes.
A contrário senso, não é uma geração que prefere comunicação digital em vez de interações presenciais ou que possui capacidade reduzida de atenção como resultado de muitas horas navegando no TikTok. Os indivíduos da geração Z podem, sim, ter habilidades interpessoais, apesar de interagirem principalmente por meio de telas e terem passados anos sociais formativos no isolamento imposto pela pandemia.
Ponto interessante do estudo é que essa geração deixa claros seus valores e desejos, e usa o relacionamento com o trabalho como uma maneira de expressar isso. Os funcionários da geração Z procuram por um local de trabalho que reflita seus valores e estão dispostos a tomar decisões profissionais com base em seus princípios.
Pontos positivos
Seja um funcionário ou estudante indivíduo da geração Z, não devemos observá-lo sob a ótica pejorativa do “preguiçoso, arrogante e teimoso, com desafios de resiliência e colaboração”, termos constantes da pesquisa como estereótipos comuns da geração.
O apego a chavões afasta líderes e professores de conhecer e, quando o caso, reter talentos.
Quando perguntado aos integrantes que participaram da pesquisa o que eles mais valorizam no ambiente de trabalho, eles identificaram flexibilidade e equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, comunicação clara e transparência (ambos a 42%) como os mais importantes de seus gerentes diretos. Tais fatores foram seguidos por apoio ao desenvolvimento profissional e oportunidades significativas de avanço na carreira. Para eles, investimento em desenvolvimento profissional e políticas de equilíbrio entre vida e trabalho importam.
Estas descobertas, dentre outras que podem ser conferidas na íntegra da pesquisa, confirmam a ideia de que é uma geração que trabalha para viver; e não vive para trabalhar. Uma geração que busca equilíbrio e que pode contribuir, e muito, ampliando as conclusões do estudo, não só em todos os setores de uma empresa, mas em todos os setores da sociedade.

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