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Pesquisa detecta falta de cursos de qualificação profissional e técnica voltados para os jovens

O estudo 'Futuro do Mundo do Trabalho para as Juventudes Brasileiras' inquiriu 34 entidades civis que participam ativamente na inclusão produtiva de jovens: para 67,6% deles ainda faltam oportunidades de qualificação e 58,8% entendem que os cursos disponíveis não estão de acordo com as vagas de trabalho em oferta.


A pesquisa foi orientada pelo Instituto Cíclica e lançada ao vivo no dia 16/03, no YouTube do Canal Futura, com o apoio de líderes, gestores e especialistas no tema. Seus dados são sobre os desafios e as oportunidades de inclusão dos jovens no mercado de trabalho, além de recomendações para uma formação profissional alinhada às novas configurações do mundo.


O questionário da pesquisa foi respondido entre os dias 06 e 27 de outubro de 2022 por organizações da sociedade civil e a consulta mostra ainda muitas falhas na formação dos jovens para o mundo do trabalho, principalmente em razão do avanço da tecnologia e a expansão de novas economias. A princípio uma grande massa de jovens brasileiros não estaria pronta para esses desafios.


Uma das tendências mostradas no estudo é a maior digitalização da economia, que acarreta a um movimento de substituição de postos de trabalho, principalmente de baixa complexidade, pelo uso de máquinas. A mesma digitalização também carrega consigo um aumento das oportunidades em áreas como Tecnologia da Informação, Saúde e Educação.


Outra tendência é a modificação das relações de trabalho trazida pelas mudanças na legislação trabalhista na época do Governo Temer, que fez com que houvesse uma maior contratação de funcionários de forma intermitente. Com isto temos uma diminuição de vagas em regime CLT e um aumento de vagas informais.


O que mais chama atenção, no entanto, como já mencionamos no início, é a falta de cursos de qualificação profissional e técnica dos jovens, um verdadeiro obstáculo para a inclusão no mercado de trabalho na visão de organizações da sociedade civil que trabalham nessa área. Para estas entidades existe a iminente necessidade de promover formação em carreiras que tenham projeção de crescimento nos próximos anos, tais como as ligadas à economia verde, que buscam preservar ou restaurar o meio ambiente, como as funções técnicas voltadas a energia eólica e solar ou à economia criativa, ligadas às atividades artísticas e culturais.


Outra área que as entidades entendem promissora é a economia do cuidado, que açambarcam carreiras ligadas a saúde, como enfermagem, fisioterapia e instrutores. E temos, claro, a economia digital, que abrange as profissões ligadas ao processamento de dados, programação e inteligência artificial.


Números


Os jovens de 14 a 29 anos representam cerca de 24% da população brasileira;

85% desse total estão nas áreas urbanas. Pretos e pardos somam cerca de 60% desse grupo demográfico.


Em relação à inserção educacional e laboral:


  • Jovem apenas estudando (15%);

  • Jovem estudando e trabalhando (14%);

  • Jovem apenas trabalhando (39%);

  • Jovem estudando e desempregado (5%);

  • Jovem “sem-sem”, sem oportunidade de estudar e trabalhar (27%).


Segundo o IBGE, a taxa de desocupação entre os jovens de 18 a 24 é de 18% (mais que o dobro da média geral, de 8,1%).


  • 67,65% das entidades inquiridas entendem que faltam cursos de qualificação profissional e de formação técnica adequados para o acesso dos diferentes perfis de jovens que vivem no Brasil;

  • 58,82% delas afirmam que os cursos de formação profissional não são atualizados e sintonizados com as vagas existentes no mundo do trabalho;

  • 76,47% das organizações dizem que os jovens estão mal-informados sobre as carreiras do futuro e como o mundo do trabalho funciona;

  • 82,35% afirmam que os empregadores não conseguem contratar jovens com as qualificações que necessitam para as vagas ofertadas.


O Futuro do Mundo do Trabalho para as Juventudes do Brasil


O cenário precisa ser visto de maneira ampla e nós temos o envelhecimento da população, as mudanças no padrão de globalização, as mudanças climáticas e as mudanças no padrão de consumo dos brasileiros, aceleradas – por exemplo - pela pandemia. São aspectos que lançam problemas e soluções, mostrando setores e carreiras promissoras para os jovens:


  • as mudanças climáticas aumentam a oferta de “empregos verdes”, trazendo oportunidades em campos como energias limpas, turismo sustentável e agricultura

  • (é a chamada economia verde);

  • a economia criativa, ou economia laranja, oferece oportunidades no campo das artes, turismo e audiovisual;

  • a economia do cuidado é aquela que compreende as atividades de cuidado direto e indireto, como os serviços de enfermeiros, cuidadores de idosos, empregados domésticos e babás;

  • a economia prateada diz respeito aos produtos e serviços destinados a um público consumidor com 50 anos ou mais;

  • a economia digital, por fim, integra recursos digitais incorporados a todo o mercado e com maior impacto em áreas como Educação, Saúde e Marketing.


Recomendações da pesquisa


A pesquisa recomenda agentes públicos, setor privado e o terceiro setor a assegurar a expansão e a democratização da Educação Profissional e Tecnológica para as juventudes.


Uma ideia é ampliar a oferta de vagas em cursos técnicos para além do ensino médio. Desta forma os jovens terminam a escola com oportunidades de entrar no mundo do trabalho de forma mais digna.


Importante também que sejam aumentadas as vagas de estágio supervisionados e de trainee para seguir acompanhando a formação desses estudantes, observando a política de aprendizagem profissional para verificar como a estratégia para a aprendizagem baseada em trabalho (ABT) pode ser melhorada.



Voltando à conclusão central do estudo sobre a necessidade de valorizar a Educação Profissional e Tecnológica (EPT) como um bom caminho para a inclusão produtiva e social com dignidade das juventudes, diga-se que a EPT é uma modalidade educacional prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) com a finalidade principal de preparar “para o exercício de profissões”, contribuindo para que o cidadão possa se inserir e atuar no mundo do trabalho e na vida em sociedade.


Ela abrange cursos de qualificação - habilitação técnica e tecnológica - e de pós-graduação, organizados de forma a proporcionar o aproveitamento contínuo e articulado dos estudos. Em breve falaremos mais especificamente sobre o tema; acompanhe-nos.


E, além desta formação técnica, oportunizada pela EPT, o estudo apontou a necessidade de uma visão mais geral sobre a profissionalização da juventude, que não pode se ater ao conhecimento tecnológico. O jovem estudante necessita desenvolver habilidades interpessoais, ou seja, as habilidades sociais, socioemocionais ou habilidades maleáveis.


Afinal, as competências necessárias dos profissionais de hoje e do futuro serão cada vez mais comportamentais, de modo que a construção desse trabalho - realizado a médio e longo prazo - será recompensado.


Finalmente, os dados do estudo apontam na direção da necessidade da criação de mecanismos de apoio às escolas e de incentivo à formação e valorização dos professores para a EPT, com atualização e reciclagem dos docentes que já trabalham na área.


O estudo “Futuro do Mundo do Trabalho para as Juventudes Brasileiras” foi realizado pelo Instituto Cíclica em conjunto com o Instituto Veredas durante os meses de agosto e novembro de 2022. Foi realizada a revisão de 500 publicações sobre o tema, além de entrevistas com atores-chave da área e 34 organizações que atuam com inclusão produtiva dos jovens.




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