Muitas mudanças ocorridas em meio à pandemia já eram previstas, mas seriam mais bem notadas a médio e a longo prazos. Em relação à educação, por exemplo, a tecnologia já a transformou e continuará transformando, especialmente em relação ao contexto da interação aluno e professor, seja no espaço físico ou temporal.
Em janeiro deste ano, quando a pandemia Covid-19 era impensável, publicamos material explicitando o porquê de o EAD ser uma grande tendência para os próximos anos.
Posteriormente, declarada a pandemia, tivemos uma reviravolta na programação educacional e todo o ensino presencial foi compelido a migrar para a atividade não-presencial, causando certo equívoco também, pois esse redirecionamento não foi exatamente uma mudança para o EAD.
De fato, o ensino remoto praticado na pandemia apenas assemelha-se ao EAD por ser uma educação mediada pela tecnologia. Os princípios utilizados seguem sendo os mesmos da educação presencial. No caso, a educação a distância presume o apoio de tutores de forma atemporal, carga horária diluída em diferentes recursos midiáticos e atividades síncronas e assíncronas.
Não é o que tem acontecido durante a quarentena, por motivos óbvios: não havia um plano de contingência educacional administrativo para essa realidade e a maioria das instituições não estavam preparadas nem tecnologicamente nem teoricamente.
O ensino emergencial a distância, portanto, diferentemente do EAD, pode não fornecer os mesmos resultados acadêmicos das instruções em sala de aula.
Leia nossos textos:
A conscientização e aprendizado sobre o EAD acontecerão gradualmente, considerando, inclusive, de acordo com uma pesquisa realizada pela Toluna para a América Latina, que muitas pessoas manterão costumes adquiridos durante o isolamento social quando a pandemia arrefecer, dentre eles frequentar cursos online.
Do total dos pesquisados, a propósito, 58% entendem que o ensino vai continuar por um grande período de maneira não-presencial e 43% estão dispostos a continuar seus cursos virtuais. A pesquisa foi realizada entre os dias 14 de fevereiro e 17 de abril deste ano e abrangia novas tendências no cenário pós-pandemia.
Então, como ocorreu com o home office, a mudança repentina acelerou as tendências que se tornariam realidade apenas ao longo dos próximos anos. Em relação a empresas e escolas, o que não fizeram em aproximadamente cinco anos, fizeram em cinco semanas. O cenário trouxe urgência e em muitos pontos o resultado foi bom.
Hoje não se cogita que uma empresa desconsidere, após a crise, que parte de sua força de trabalho continue a trabalhar em home office. Da mesma forma, por necessidade ou conveniência para todos os atores do processo educacional, a escola também vai manter os recursos tecnológicos adquiridos; tudo no intuito de reduzir as barreiras entre o presencial e o online.
Há quem defenda que as empresas, inclusive as de educação, que não se valerem desse momento para passarem por um processo de transformação digital dificilmente sobreviverão aos próximos meses.
A educação 4.0
A Educação 4.0 designa uma abordagem educacional e o conjunto de estratégias que seriam desejáveis para contemplar as necessidades da chamada Quarta Revolução Industrial, um termo cunhado para descrever toda nova geração de avanços tecnológicos que estamos presenciando e que estão se integrando para constituir a próxima onda de inovação, incluindo Internet das Coisas, Big Data, Robótica, Inteligência Artificial, impressão 3D, Medicina de Precisão, dentre outros.
Uma das premissas da Educação 4.0 é que não precisamos aprender tudo, mas saber como buscarmos as informações para, então, utilizá-las. Dentre várias mudanças que eram previstas para ocorrer em um futuro próximo – antes da pandemia – estão a possibilidade dos alunos aprenderem em momentos distintos e em lugares diversos de forma mais individualizada, terem aprendizado personalizado, livre escolha, aprendizado baseado em projetos, experiência em campo, possuírem habilidade de interpretar dados e participar ativamente do processo geral, além de serem avaliados de maneiras diferentes das usuais.
A tendência é que os alunos ganhem destaque na relação, desempenhando um papel ativo na construção do aprendizado.
Como bem descrito por Raniery Pimenta no texto Cinco Oportunidades para a Educação no Mundo Pós-Pandemia, não há mais que se pensar em uma educação totalmente presencial; isso seria desconsiderar todas as possibilidades que o digital pode acrescentar.
Ainda mais nesse momento em que grandes esforços foram empregados para que pudéssemos continuar o processo educacional de forma não-presencial, com já falada mediação pela tecnologia.
A grande maioria das escolas não estavam preparadas para a suspensão das aulas presenciais, mas, passado um período de maior sufoco, puderam verificar quais foram as iniciativas mais bem-sucedidas e dar continuidade à programação. Aparentemente a transmissão de aulas com interação síncrona entre educadores e estudantes foi mais bem recebida, com a utilização de ferramentas para transmissão de aulas e que permitem a criação de salas de aulas específicas com chats síncronos e assíncronos, além de facilitar envio e recebimento de documentos.
Avanços tecnológicos x emergências históricas
Em artigo para o Financial Times, Yuval Noah Harari escreveu que as decisões que tomamos agora moldarão o mundo nos próximos anos e que, ao escolher entre alternativas, devemos nos questionar não apenas como superar a ameaça imediata, mas também em que tipo de mundo habitaremos quando a tormenta passar.
Para ele muitas medidas de emergência de curto prazo se tornam um elemento da vida. E que essa é a natureza das emergências: elas avançam rapidamente nos processos históricos. Medidas que em tempos normais levariam anos de deliberação são aprovadas em questão de horas.
Fato é que, nas palavras do professor, em tradução livre, medidas temporárias têm o hábito de superar as emergências, pois sempre há uma nova à espreita.
A Entretanto Educação, de olho no impacto que as decisões de agora modificarão a educação, produziu uma pesquisa com 577 profissionais. Analisaram como professores e entusiastas da educação estão lidando com este momento e buscaram compreender as perspectivas dos profissionais de educação para o futuro da aprendizagem.
A pesquisa mostra que 93,6% dos profissionais entrevistados acreditam que o ensino online é uma alternativa para continuar o aprendizado dentro de casa; 68,8% responderam que as aulas online têm sido uma experiência positiva.
Os resultados também demonstram que muitos acreditam que o ensino híbrido se tornará cada vez mais comum e imaginam um cenário positivo para a educação do futuro. Em números, 62,4% dos participantes veem o professor sendo mais valorizado depois da pandemia; 81,6% apostam em uma educação em que o aluno esteja no centro do aprendizado e 85,1% acham que a ciência ganhará mais credibilidade ao fim da crise sanitária.
Dos profissionais que participaram da pesquisa realizada pela Entretanto, enfim, 73% veem um cenário otimista para a educação, o que é muito bom, considerando, sobretudo, todos os percalçosque tanto os professores quanto alunos tiveram que enfrentar.
É fato que a maioria dos estudantes e dos professores que tiveram acesso às ferramentas virtuais puderam, apesar das circunstâncias nem sempre favoráveis, aprender com o processo e se transportar de alguma forma para o futuro da educação.
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