Avaliação In Loco – uma nova etapa da metodologia de avaliação da educação superior
- Ana Luiza Santos e Edgar Jacobs

- 11 de nov.
- 5 min de leitura
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, Inep, via Diretoria de Avaliação da Educação Superior, DAES, convidou as Instituições de Ensino Superior a participarem do seminário virtual “Testes dos novos instrumentos de avaliação externa in loco do Inep”.
O aceno às instituições, realizado no fim de outubro, se deu em razão da implementação de uma nova metodologia de avaliação da educação superior, desenvolvida com a intenção, de acordo com o Inep, de aprimorar os procedimentos de visita in loco e fortalecer a qualidade dos processos avaliativos.
Durante o seminário, foram apresentados os novos instrumentos de avaliação, as etapas de aplicação dos testes e as orientações para que as instituições colaborassem com o processo. Ainda ocorrerão testes a respeito dos novos instrumentos, que serão realizados entre 17 de novembro e 5 de dezembro deste ano, mas as inscrições para a participação das instituições de ensino já se encerraram.
O objetivo dos testes do Inep é verificar a viabilidade dos objetos de avaliação, os atributos e qualificadores, além da própria dinâmica do processo avaliativo. É importante especificar que, nesta fase, serão escolhidos para avaliação os cursos pertencentes às seguintes áreas gerais da Cine Brasil: Educação; Artes e Humanidades; Ciências Sociais, Comunicação e Informação; Negócios, Administração e Direito; Engenharia, Produção e Construção e Saúde e Bem-Estar.
A Cine Brasil - Classificação Internacional Normalizada da Educação - é uma metodologia que agrupa os cursos de graduação e sequenciais de formação específica, de acordo com o conteúdo temático e adequados à estrutura de classificação adotada pela comunidade internacional. Segundo a Portaria nº 1.715, de 3 de outubro de 2019.
O Manual para Classificação dos Cursos de Graduação e Sequenciais é o documento oficial que apresenta a estrutura da CINE adaptada em 2018 para os cursos de graduação e sequenciais (Cine Brasil 2018), bem como os procedimentos para classifica-los, tendo como objetivo orientar as instituições de educação superior a realizarem a classificação adequada de seus cursos.
Para a elaboração da Cine Brasil 2018 adotou-se uma metodologia estabelecida pela UNESCO, com adequações à realidade educacional brasileira. Considerou-se, ainda, a versão 2000 da Cine Brasil, até então adotada pelo INEP, mas que se tornou desatualizada por não contemplar alterações das normas da educação superior no país decorrentes da transformação e expansão desse nível de ensino.
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Calendário trienal
Voltando às avaliações in loco, elas ocorrerão em ciclos de três anos, organizadas por áreas gerais da CINE Brasil e se darão da seguinte forma: no momento da avaliação dos cursos de uma determinada área (por exemplo: área 2), todos os cursos da área 2 de uma IES passarão por visita simultaneamente, o que, pelo menos em teoria, vai ajudar o processo com maior coerência e comparabilidade entre avaliações de mesma natureza.
No texto Manual para classificação dos cursos de graduação e sequenciais - Cine Brasil 2019, apresentamos com exemplo detalhado como cada área geral se subdivide em três níveis: áreas específicas, áreas detalhadas e rótulos. As áreas gerais correspondem ao nível mais alto de classificação; as áreas especificas abrangem o segundo nível; as áreas detalhadas, o terceiro; e os rótulos, o quarto, constituindo-se na menor unidade de classificação de cursos que apresentam conteúdos temáticos similares em relação aos componentes curriculares, ao perfil profissional e às competências e habilidades dos egressos. Os rótulos são os “Cursos/Programas” da Cine Brasil 2000.
O conteúdo temático é o princípio básico de classificação dos cursos de graduação e sequenciais. Esse conteúdo compreende o conhecimento factual, prático e teórico abordado ao longo de um programa educacional e é reconhecido mediante a respectiva certificação.
Vale dizer que esse conhecimento se aplica a determinados tipos de problemas ou a fins específicos que podem ser de natureza abstrata, como a filosofia, de natureza prática, como a engenharia, ou de ambas as naturezas, como a arquitetura. A classificação vai considerar o conteúdo temático do curso que predomina no programa educacional, o que se identifica pela carga horária que ele ocupa em um programa educacional, que deve ser superior a 50%.
As categorias das áreas gerais e específicas são determinadas pelas semelhanças no conhecimento teórico e no propósito de aprendizagem e, exatamente por isso, é mencionado que a avaliação em conjunto por áreas pode colaborar com a coerência do processo.
Comissões híbridas
O modelo atual da avaliação in loco acaba com o ciclo de avaliações totalmente virtuais (modelo necessariamente adotado durante a pandemia) e retoma a presencialidade. Porém, admite que uma parte da equipe de avaliação participe de forma virtual, dependendo da complexidade da visita O modelo será híbrido, portanto, combinando avaliadores presenciais e remotos conforme o número de cursos avaliados.
E assim ficará a escala de avaliadores:
De 1 a 2 cursos, serão 2 avaliadores presenciais, em 3 dias de avaliação;
De 3 a 4 cursos, 2 presenciais e 1 remoto, em 4 dias de trabalho;
De 5 a 7 cursos, 2 avaliadores presenciais e dois 2 remotos, em 5 dias de avaliação; e,
De 8 a 10 cursos, 3 avaliadores presenciais trabalhando com 3 avaliadores remotos, em 5 dias de análise.
Novo sistema eletrônico e polos por amostragem
De acordo com o Inep, um novo sistema eletrônico está em desenvolvimento para substituir o e-MEC no âmbito das avaliações do INEP. A intenção é atender à nova dinâmica proposta com mais presteza.
No caso dos polos de educação a distância, a avaliação in loco se propõe a avaliá-los por amostragem e virtualmente, a partir de uma definição do próprio Inep. E, no curso das visitas presenciais, estão previstas entrevistas com estudantes, coordenadores, supervisores de estágio e demais atores institucionais para que a avaliação possa ser realizada de forma mais abrangente.
É importante constar que os instrumentos de avaliação serão revisados a cada três anos (período do ciclo trienal), o que permitirá, segundo o Inep, ajustes contínuos de acordo com os resultados obtidos e a evolução da educação superior.
Para o órgão, a iniciativa reforça o compromisso de cooperação entre o Inep e as Instituições de Educação Superior, promovendo o aperfeiçoamento conjunto dos instrumentos e procedimentos de avaliação externa e assegurando maior transparência, consistência e credibilidade aos processos de regulação da educação superior no país.
A revisão dos instrumentos de avaliação é importante para aprimorar o processo avaliativo; aguardemos os próximos testes e as percepções dos resultados obtidos.
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