O Censo da Educação Superior de 2020, divulgado com atraso em fevereiro desse ano por conta da pandemia, mostrou que o número de matrículas na modalidade a distância continuava crescendo e havia atingido mais de 3 milhões na ocasião, o que já representava uma participação de 35,8% do total de matrículas de graduação.
Naquele momento, o que possuíamos de dados de 2020 é que o número de matrículas em cursos de graduação presencial havia diminuído -9,4% entre 2019 e 2020 e, na modalidade a distância, tínhamos constatado um aumento de 26,8% no mesmo período.
Dos mais de 3,7 milhões de novos alunos no ensino superior no ano, 53,4% optaram pela modalidade à distância, enquanto 46,6% escolheram cursos presenciais (que estiveram em atividades remotas de forma provisória, por causa da pandemia).
Entre 2010 e 2020, a propósito, as matrículas de cursos de graduação a distância aumentaram 233,9%, enquanto na modalidade presencial, no mesmo período, o crescimento foi apenas de 2,3%.
Dados do Censo da Educação Superior de 2021
Agora, de acordo com a última pesquisa, os dados coletados nos mostram que, entre 2011 e 2021, o número de ingressantes em cursos superiores de graduação, na modalidade EAD, aumentou 474%. E, no mesmo intervalo de tempo, a quantidade de ingressantes em cursos presenciais diminuiu 23,4%.
Em 2011 os ingressos por meio de EAD correspondiam a 18,4% do total; em 2021 esse percentual chegou a 62,8%.
Os elementos da pesquisa refletem a expansão do ensino a distância no Brasil e fazem parte dos resultados do Censo da Educação Superior 2021, divulgados pelo Instituto Inep e pelo MEC, em coletiva de imprensa realizada na última sexta-feira, 4 de novembro.
É interessante a conclusão do Instituto de que a série histórica dos resultados mostra que as duas pontas da ferradura — o ensino presencial e a distância — tendem a se afastar cada vez mais com o passar do tempo.
Em um ano, de 2020 para 2021, o aumento do número de alunos nos cursos superiores se deu exclusivamente pela oferta de EAD na rede privada. A modalidade, nesse período, teve um aumento de 23,3% (24,2% em instituições privadas), enquanto o ingresso em graduações presenciais diminuiu 16,5%.
Esse comparativo vem confirmando a tendência e a expectativa de crescimento do ensino a distância ao longo dos anos. Em 2019 foi a primeira vez na história que o número de ingressantes em EAD foi maior que o de estudantes que iniciaram a graduação presencial, no caso das instituições privadas. Nessa rede de ensino, 70,5% dos estudantes, em 2021, ingressaram por meio de cursos remotos.
Em relação às matrículas, havia 8.986.554 alunos no ensino superior em 2021. Desse montante, os estudantes de graduação EAD representavam 41,4%. Ou cerca de 3,7 milhões de alunos. E entre os cursos de licenciatura o percentual é ainda maior: 61% dos alunos desses cursos frequentavam a graduação a distância.
Fato interessante sobre o qual já publicamos também é que hoje, se compararmos os cursos de formação inicial docente (FID) em relação aos demais cursos de graduação do Ensino Superior brasileiro, percebemos que a participação do número de concluintes na modalidade EAD em relação ao total de concluintes é muito maior na formação de professores.
Já em 2020, a cada 10 alunos que concluíam cursos de FID, cerca de 06 estavam na modalidade a distância, ao passo que nos demais cursos menos que 03 estavam nessa modalidade. O percentual de concluintes na modalidade a distância em cursos voltados para a docência tem sido mais que o dobro do percentual observado nos demais cursos.
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Por agora, percebemos a consolidação definitiva do aumento de matrículas e de cursos na modalidade EAD. Em 2021, as matrículas em cursos de graduação na modalidade de ensino a distância já estavam em 41,4%; na rede privada, 70,5% dos ingressantes na graduação eram alunos de cursos à distância e na licenciatura 61% das matrículas foram em cursos EAD.
O censo de 2021, de acordo com o INEP, registrou 2.574 instituições de educação superior. Desse número, 87,68% (2.261) eram privadas e 12,2% (313), públicas. Assim, a rede privada ofertou 96,4% das vagas. A rede pública, por sua vez, foi responsável por 3,6% das ofertas. O número de matrículas também seguiu a tendência de crescimento dos últimos anos e chegou a mais de 8,9 milhões.
As instituições de ensino superior privadas concentraram a maioria dos matriculados: 76,9%. Já as IES públicas registraram 23,1% dos estudantes — entre 2011 e 2021, o percentual de estudantes matriculados na educação superior aumentou 32,8%, o que corresponde a uma média de 2,9% ao ano.
EAD
Quando se fala em relação entre matrícula e modalidade de ensino, a expansão do EAD ficou, mais uma vez, evidenciada. Em 2021, verificou-se mais de 3,7 milhões de matriculados em cursos a distância, o que representa 41,4% do total.
O presidente do INEP, Carlos Eduardo Moreno Sampaio, salientou que os resultados do Censo apontam, de forma concreta, para qual direção caminha a educação superior brasileira e demandam reflexões sobre modelos e políticas educacionais.
“É importante refletir a respeito. Por qual caminho estamos seguindo? Precisamos avaliar se é nessa direção que queremos crescer. O censo traz essa provocação e os resultados nos colocam diante de um cenário apropriado para essa reflexão, além de possibilitar que as perguntas sejam respondidas com bases objetivas e concretas”.
Enfim, existem muitos aspectos positivos na expansão do EAD, dentre eles permitir o aumento no número de alunos em cursos de graduação e facilitar a possibilidade de a educação superior ser cursada em todo o território nacional.
Quando da pandemia da Covid-19, notadamente em sua pior fase, consolidamos o entendimento de que a educação a distância pode ser eficiente, desde que seja de qualidade. O Estado vai nos fornecer a supervisão, a regulação e a avaliação essenciais que indiquem a melhoria dos cursos.
Os dados do censo são divulgados anualmente e são fundamentais para o desenvolvimento de políticas públicas e a distribuição de recursos. Eles lançam luz sobre as políticas em andamento e para novas políticas serem criadas a partir daquilo que se revela.
Por agora os números do Censo mostram que as expectativas em relação ao assunto EAD estão se concretizando.
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