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Como alguns países europeus retomarão suas atividades escolares

Atualizado: 3 de ago. de 2020

A Europa, comparada ao Brasil, está um passo à frente no cronograma que envolve a pandemia COVID-19. O coronavírus começou na China e logo depois se espalhou pela Europa, polo do contágio global. Em 24 de janeiro já se havia confirmado um caso na França e desde então, apesar de cada país ter estratégias próprias, o ciclo viral se mantém metódico.


Uns sofrendo mais que outros, todos perceberam que o distanciamento social funciona, ainda que decretado de forma tardia e com alto preço em vidas, como vimos acontecer na Itália, Espanha e Estados Unidos.


Enfim, na Europa, passadas algumas semanas, Áustria, República Checa e Dinamarca - países que implementaram com maior urgência medidas mais drásticas para a contenção do vírus - são os primeiros a poder propor um relaxamento das restrições impostas à população.


A Dinamarca foi quem primeiro abriu as portas das escolas e jardins de infância, no dia 15 de abril, mantendo ainda cinemas, igrejas e centros comerciais fechados. Continuam proibidos aglomerados com mais de dez pessoas e festivais; grandes ajuntamentos de pessoas não vão acontecer até agosto. Fronteiras também estarão fechadas e as medidas de relaxamento do dia 15 só se aplicaram à metade das cidades do país; a outra metade foi contemplada apenas no dia 20 de abril.


Na Dinamarca o retorno das escolas motivou inúmeras críticas, conforme podemos ver no artigo publicado pelo Jornal português Observador: os pais consideraram que seus filhos estavam sendo usados como cobaias para testar as novas medidas. Com a população dividida, o governo afirma que a reabertura das escolas acontecerá cercada de regras rígidas. Cada criança deverá contar com um espaço delimitado, maior que o usual, de forma que as turmas terão de ser divididas, sem todos os alunos na mesma sala ao mesmo tempo. Serão utilizados espaços como museus ou parques infantis para proporcionar mais espaço.


A Noruega foi o segundo país a reabrir escolas. No dia 20 de abril os jardins de infância voltaram a funcionar e no dia 27 será a vez das escolas primárias. A ideia é que até o verão norueguês todos os estudantes estejam em sala de aula. As exceções são crianças em situações de risco – ou que vivem com adultos que fazem parte dos grupos de risco. Para essas o regresso às aulas não será obrigatório e continuarão a receber o ensino remoto.


Estes países têm podido dar o primeiro passo rumo à reabertura das aulas porque agiram rápido e a população, em sua imensa maioria, cumpre os protocolos de segurança à risca.


A Alemanha abrirá escolas gradualmente a partir de 4 de maio, até porque foi um dos últimos países a fechar suas portas. Angela Merkel tem seguido os estudos da Academia Nacional de Ciências Alemã, que preparou um documento, assinado por especialistas de várias áreas, que orienta um regresso paulatino à normalidade. Este documento também defende a obrigatoriedade de máscara nos transportes públicos e o retorno das aulas contanto que as turmas tenham, no máximo, 15 alunos. Os acadêmicos consideram, a propósito, temerário o retorno dos jardins de infância. Crianças pequenas não sabem cumprir regras de distanciamento social nem utilizar máscaras de proteção.


Situação de outros países


A Suíça admite que tem um longo caminho pela frente. Apenas em 11 de maio, caso a situação permita, as escolas obrigatórias e as lojas poderão reabrir. Para junho está prevista a reabertura de escolas profissionais, universidades, museus, jardins zoológicos e bibliotecas.


Na França, Macron anunciou o prolongamento das medidas de confinamento até dia 11 de maio. Escolas e creches devem reabrir a partir desse período, mas não as universidades.


No Reino Unido não há datas para a diminuição das restrições; a situação vem sendo analisada e poderá ser redefinida nas próximas semanas.


O governo holandês é o sétimo país europeu a anunciar a abertura das creches e do retorno das aulas do ensino fundamental, também dividindo turmas em turnos diferentes.


Na Grécia, o governo anunciou a intenção de relaxar “gradualmente e por fases” as medidas a partir do dia 10 de maio.


Polônia, Irlanda, Romênia, Hungria, Bulgária e Ucrânia mantêm as restrições e ainda estão sem datas para a flexibilização das escolas.



Flexibilização pode ser revertida


É muito importante salientar que, dependendo da evolução do controle da pandemia, a flexibilização pode ser revertida.


Caso seja detectado um aumento nos índices de contaminação pelo Coronavírus, os governos que por ora flexibilizam as regras de arroxo – em especial as que dizem respeito à suspensão das aulas presenciais – já assumem a possibilidade de reintroduzir medidas restritivas.


Cingapura, por exemplo, conseguiu inicialmente conter a disseminação do vírus, mas enfrentou uma segunda onda de infecções e decretou uma nova quarentena de um mês no início de abril. As autoridades locais estão trabalhando incessantemente e dando exemplos ao mundo de que “não há espaço para complacência e que todos os países devem estar preparados para enfrentar uma segunda e possivelmente uma terceira ou quarta onda de infecção.”


Neste mesmo passo, a OMS já alertou para a possibilidade de um ressurgimento mais letal da doença caso os países regressem à normalidade prematuramente e sem rígidos programas de controle e sugeriu que cada país verifique se cumpre com os seis elementos obrigatórios para a progressiva reabertura, incluindo a das salas de aula.


São estes os elementos vistos como obrigatórios pela OMS para um mais controlado relaxamento de medidas:


  1. A transmissão do vírus estar controlada;

  2. O sistema de saúde conseguir detectar, testar, isolar e tratar cada doente da Covid-19 e rastrear seus pares;

  3. O risco de surto estar minimizado em instituições de saúde, abrigos e casas comunitárias;

  4. Haver medidas de prevenção aplicadas nos locais de trabalho, escolas e outros locais de maior necessidade da comunidade;

  5. Os riscos de casos importados estarem controlados;

  6. A comunidade estar bem informada, comprometida com a situação e com a capacidade para se ajustar à nova realidade.


A dificuldade da situação é perceptível e não parece distante a necessidade de – em todo o mundo – precisarmos de quarentenas intermitentes pelo menos até 2022, evitando, desta forma, que o novo coronavírus continue colocando em risco os sistemas de saúde e, consequentemente, a vida de milhões de pessoas.


São grandes as dúvidas e elas permanecem até que tenhamos uma vacina eficaz; a única certeza é que precisamos aprender com os erros e acertos de quem está cronologicamente à frente na pandemia, sem subestimar os danos que a falta de humildade de alguns governos podem trazer a suas populações.


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