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Ensino bilíngue cresce no Brasil

Atualizado: 6 de ago. de 2021

O ensino bilíngue é o ensino de um currículo académico em duas línguas diversas de forma concomitante. Ou seja, as línguas convivem em um ambiente bilíngue (também pode ser plurilíngue, o que é menos comum no Brasil) e, a partir daí, possuem o mesmo peso na grade curricular escolar.


No caso do ensino bilíngue, a segunda língua não deve ser ensinada exatamente como uma língua alienígena, mas como uma língua que agrega o conhecimento linguístico e a cultura do outro, bem como sua visão de mundo. Todas as disciplinas de conhecimentos gerais são ministradas nas duas línguas; portanto, não há tão somente alfabetização bilíngue, mas uma promoção do desenvolvimento educacional entre os dois idiomas parceiros.


Um dado muito interessante é que pessoas multilíngues superam numericamente os falantes monolíngues na população mundial e, embora isto não se aplique à população brasileira, é um fenômeno social explicado pelas necessidades da globalização e também da abertura cultural favorecida pela facilidade de acesso à informação.


Globalmente, as pessoas têm se exposto a múltiplas línguas de modo ainda mais frequente e, dependendo do país, já crescem bilíngues ou multilíngues por diversas situações: por aprenderem uma segunda língua na escola; por serem emigrantes e falarem a língua do país hospedeiro; por terem nascido em países com mais de uma língua oficial; por residirem em países com línguas regionais ou minoritárias historicamente estabelecidas; por residirem em regiões fronteiriças; por morarem em países em que duas ou mais línguas mantêm contato contínuo ou, por exemplo, por serem filhos de pais de diferentes nacionalidades. Outras razões existem, claro, para um indivíduo ser bi/multilíngue.


O Brasil


No Brasil, 98% da população fala o português; temos também inúmeras línguas indígenas, significativas comunidades de falantes de alemão e italiano no sul do país, comunidades fronteiriças que falam espanhol e, não podemos deixar de fora, os falantes (ou usuários) da Língua Brasileira de Sinais (Libras), utilizada por surdos dos centros urbanos brasileiros e legalmente reconhecida como meio de comunicação e expressão. A Libras, a propósito, não é a mera gestualização da língua portuguesa, mas uma língua à parte.


Mas a língua internacional, a língua dos estudos, das viagens, dos negócios, a língua da comunicação com todo o mundo, pouquíssimos brasileiros falam. Pesquisas apontam que apenas 5% da população brasileira fala inglês e apenas 1% dessas pessoas é fluente.


O brasileiro ainda é monolíngue, mas a necessidade de mudança neste aspecto tem feito com que mais sistemas de educação tenham passado para o ensino bilíngue nos últimos anos. Um estudo elaborado pela JK Capital e repercutido pela Revista Exame mostra o porque deste franco crescimento, que pode chegar a invadir o espaço das escolas de idiomas.


Uma das razões apontadas pelo estudo, além da orgânica necessidade de se dominar o inglês até como uma etapa importante para a carreira profissional, aumentando a demanda, é a carência de oferta de educação bilíngue. Enquanto na Argentina e Chile 10% das escolas oferecem o ensino bilíngue, no Brasil apenas 3% das escolas privadas o fazem.


Mais a mais, a JK Capital, empresa consultoria de finanças especializada em fusões e aquisições – e responsável pela pesquisa - salienta que há um baixo custo das escolas bilíngues para os alunos em comparação com uma escola internacional, cujas mensalidades são mais altas.


Os gestores escolares também têm notado uma maior procura pelo ensino do inglês dentro das próprias escolas como tendência. É comodidade, além da apresentação da língua estrangeira chegar cada vez mais cedo para os estudantes.


A pesquisa também demonstra que algumas instituições já se organizam por meio de fusões e aquisições para realizar a captação de redes de ensino menores e, com isto, readequar seus projetos e oferecer o projeto bilíngue. Um serviço muito interessante, que não para de crescer.


Alguns especialistas colocam até em xeque o futuro das escolas de idiomas para estudantes em idade escolar caso a tendência se confirme. Se estes alunos receberem o ensino bilíngue, a escola tradicional de idiomas (como a conhecemos) pode ficar em segundo plano. Pelo menos para este grupo etário específico.


O setor, a propósito, foi bastante afetado pela pandemia. O segmento já acumulava prejuízos em razão da suspensão das aulas presenciais em 2020 e agora, em 2021, manteve congelados os preços das mensalidades para reter seus alunos.


Critérios


Em 2020, o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou as Diretrizes Nacionais para a Educação Plurilíngue no Brasil (parecer CNE/CEB nº 2/2020), trazendo definições e regulamentações para orientar a comunidade escolar e esclarecer o entendimento da concepção de escola bilíngue. O material foi produzido depois de debate entre profissionais da área e ainda aguarda a homologação pelo MEC.


É importante que o parecer faz a diferença do que seja escola bilíngue e escola com currículo bilíngue optativo e especifica a carga horária mínima exigida para a língua adicional em cada segmento da educação básica, a qualificação do professor e os prazos para adequação dos Projetos Políticos Pedagógicos.


No caso da escola bilíngue, assim o é considerada a escola que oferecer currículo único em inglês para todas as séries. Ela deve promover um currículo único, integrado e ministrado em duas línguas de instrução, com foco no desenvolvimento de competências e habilidades linguísticas e acadêmicas nessas línguas.


Escola com currículo bilíngue optativo é aquela que promove o currículo em língua portuguesa em articulação com o aprendizado de competências e habilidades linguísticas em língua adicional.


O documento determina a carga horária para as línguas de instrução e delimita que escolas com currículo bilíngue optativo devem ofertar no mínimo três horas semanais de instrução em língua adicional. O projeto pedagógico bilíngue deve contemplar todas as etapas da educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio), mas pode ser implementado gradativamente; já o projeto pedagógico com currículo bilíngue optativo deve ser ofertado ao longo de todas as etapas e a todos os alunos.


Os professores aptos a ministrarem aulas em instituições bilíngues devem ter formação complementar para atuar em língua adicional e comprovação de proficiência de nível mínimo B2 (CEFR – Common European Framework).


Por fim, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estipulou a língua inglesa como a única língua adicional obrigatória a partir do 6º ano do Ensino Fundamental. A BNCC estabeleceu campos de experiência para a Educação Infantil e campos de atuação para o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Entretanto, cumprido esse requisito, outras línguas adicionais podem ser oferecidas, a exemplo dos Centros de Línguas em inúmeras redes públicas do país.


Vantagens/desvantagens


Educadores e pedagogos não veem desvantagens intrínsecas na educação bilíngue; o ser humano nasce com potencial para aprender qualquer idioma e, se a educação for realizada de forma adequada, uma criança pode-se tornar bilíngue desde muito cedo.


A educação bilíngue desenvolve a flexibilidade cognitiva, a sensibilidade comunicativa, a apreciação por outras culturas e o conhecimento acadêmico em todas as áreas e permite ao indivíduo a oportunidade de uma melhor comunicação e ser mais visibilizado. Além de contribuir para a empregabilidade e a colocação profissional e/ou acadêmica em outros países.


O bilinguismo, nos dizeres da educadora Selma Moura, da USP, é, comprovadamente, uma das habilidades essenciais aos cidadãos do século 21.


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