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Pisa 2022 incita reforços na educação pública e privada de 2024


O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) é um estudo comparativo internacional realizado a cada três anos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Ele fornece informações sobre o desempenho dos estudantes na faixa etária dos 15 anos, idade em que se supõe o término da escolaridade básica obrigatória na maioria dos países, coordenando e vinculando os dados sobre os backgrounds e as atitudes dos estudantes em relação à aprendizagem e aos principais fatores que moldam sua aprendizagem, dentro e fora da escola.


Os resultados do Programa autorizam que cada país analise os conhecimentos e as habilidades de seus estudantes em comparação com os de outros países, conheça as políticas e as práticas de gestão de outros lugares e possa seguir com suas próprias políticas e programas educacionais para a melhoria da qualidade e da igualdade nos resultados de aprendizagem.


No Brasil, o Inep é o órgão responsável pelo planejamento e a operacionalização da avaliação, o que significa representar o Brasil junto à OCDE, coordenar a tradução dos instrumentos de avaliação, coordenar a aplicação desses instrumentos nas escolas amostradas e a coleta das respostas dos participantes, coordenar a codificação dessas respostas, analisar os resultados e elaborar o relatório nacional.


O Pisa avalia três domínios em todas as edições: leitura, matemática e ciências e, a cada uma, é avaliado um domínio principal, ou seja, os estudantes respondem a um maior número de itens no teste dessa área do conhecimento e os questionários se concentram na coleta de informações relacionadas à aprendizagem nesse domínio. Domínios chamados inovadores, como Resolução de Problemas, Letramento Financeiro e Competência Global também são avaliados.


Em 2021 seria realizado um estudo, mas, por conta das dificuldades trazidas pela pandemia, os países-membros e associados da OCDE decidiram adiar a avaliação do Pisa 2021 para 2022 e, consequentemente, do Pisa 2024 para 2025. 


Sobre o conteúdo, a pesquisa Pisa 2022 teve como foco a matemática, tendo a leitura, a ciência e o pensamento criativo como áreas secundárias de avaliação. Houve uma avaliação do letramento financeiro dos jovens - opcional para alguns países - da qual o Brasil participou.


Aproximadamente 690.000 estudantes participaram da avaliação em 2022, representando aproximadamente 29 milhões de jovens de 15 anos nas escolas dos 81 países e economias participantes.


Como foram os testes


Na maioria dos países, testes baseados em computador, com duração total de duas horas, foram utilizados. Em matemática e leitura, foram aplicados testes adaptativos em computador em que os estudantes receberam um bloco de itens de teste com base em seu desempenho nos blocos anteriores. Também foi apresentado aos alunos um questionário contextual, completando  uma mistura de perguntas de múltipla escolha e de respostas livres.


As questões foram organizados em grupos, com base em uma passagem de texto que descrevia uma situação concreta. No total foram mais de 15 horas de itens de teste para leitura, matemática, ciências e pensamento criativo.


Além das questões sobre as matérias, os estudantes responderam um questionário sobre eles próprios, suas atitudes, disposições e crenças, seus lares e suas experiências escolares e de aprendizagem. Os diretores das escolas, da mesma forma, preencheram um questionário sobre gestão escolar, organização e ambiente de aprendizagem. Ambos foram questionados sobre as  experiências de aprendizagem durante o fechamento das escolas devido à pandemia de covid-19.


Alguns países, entre eles o Brasil, distribuíram questionários  pedindo aos professores que relatassem sobre si mesmos e suas práticas de ensino e  solicitando aos pais que fornecessem informações sobre suas percepções e seu envolvimento na escola e na aprendizagem de seus filhos. Havia opção de outros questionários sobre a familiaridade dos estudantes com dispositivos/recursos de TIC; e 15 países/economias distribuíram um sobre o bem-estar dos estudantes. O Brasil aplicou todos os questionários possíveis.


Vale dizer que o objetivo do Pisa não é analisar conhecimentos específicos, se as escolas são capazes de preparar os estudantes para a vida adulta. O que o exame avalia é se eles são capazes de entender plenamente um texto ou formular, empregar e interpretar conhecimentos matemáticos em diferentes contextos e compreender conceitos, dados e fenômenos científicos que lhes permitam engajar-se na sociedade.

 

No Brasil a aplicação foi digital, com exceção dos questionários dos pais.


O perfil dos participantes:


  • 73,1% dos estudantes eram da rede estadual

  • 81,9% dos matriculados estavam no ensino médio

  • 96,5% das escolas eram em área urbana

  • 76,4% das escolas estão localizadas no interior

 

Resultados


Os resultados no Brasil não surpreenderam tanto. Não houve modificações de médias de 2018 para 2022 em matemática, leitura e ciências. Desde 2009, na verdade, os resultados estão estáveis nas três disciplinas, com pequenas mudanças que não são importantes.


Um fato curioso  - e triste - é que a média da OCDE, nesta edição do estudo, foi a menor de toda a série histórica desde 2000 e os estudantes do Brasil ainda obtiveram pontuação inferior a esta média nas três disciplinas.


O diretor de Educação da OCDE ressaltou que os resultados do teste  mostrou que o Brasil foi resiliente em relação aos impactos da pandemia, mas que, no entanto, o país continua com resultados bem abaixo da média dos outros países na prova, que avalia conhecimentos em matemática, leitura e ciências, havendo também muitos pontos a serem aprimorados no que diz respeito às relações estabelecidas entre alunos, escola e comunidade.

 

Na matemática, por exemplo,  em 2022, o Brasil apresentou um desempenho médio de 379 pontos, com pontuação inferior à média do Chile (412), Uruguai (409) e Peru (391) e sem diferenças estatísticas significativas entre a média brasileira, colombiana e argentina.


Setenta e três por cento dos estudantes brasileiros registraram baixo desempenho nesta disciplina, abaixo do nível 2, que é o padrão mínimo para que os jovens possam exercer plenamente sua cidadania. Entre os países membros da OCDE, o percentual dos que não atingiram o nível 2 foi de 31%. Somente 1% dos brasileiros obteve alto desempenho em matemática (nível 5 ou superior).


Na leitura o Brasil obteve desempenho médio de 410 pontos, pontuação estatisticamente inferior à média do Chile e do  Uruguai. Superior, todavia, à da Argentina, não havendo diferenças estatísticas significativas entre a média brasileira, colombiana e peruana.


Metade dos estudantes brasileiros estiveram com baixo desempenho nesta disciplina e entre os países membros da OCDE, o percentual dos que não atingiram este nível foi de 26%. Somente 2% dos brasileiros atingiram alto desempenho em leitura (nível 5 ou superior).


Por fim, em ciências, o resultado foi de 403 pontos, inferior às médias do Chile, Uruguai e da Colômbia. Na América do Sul, o Brasil fica em último lugar, junto com Argentina e Peru. Entre os estudantes brasileiros, 55% registraram baixo desempenho em ciências e somente 1% atingiu alto desempenho. Para comparação, nos países da OCDE, a taxa de baixo desempenho é de 24% e a de alto desempenho, de 7%.


Vale dizer que neste Pisa 2022 o foco da avaliação foi matemática. A cada edição há uma modificação no assunto principal do exame. Assim, os estudantes responderam a um maior número de itens desta área do conhecimento, bem como sobre a aprendizagem na disciplina. A pesquisa também focou em domínios chamados inovadores, como Pensamento Criativo e Letramento Financeiro.


Conclusões e perspectivas


Para conhecimento, já se sabe que o fator socioeconômico é responsável por 15% da variação no desempenho dos alunos; este dado vale tanto para o Brasil quanto para a média da OCDE.


No caso, os resultados do exame demonstram que nosso país  avançou muito pouco na educação. Os estudantes brasileiros, ainda que mais ricos e privilegiados, obtiveram desempenhos abaixo da média internacional — e muito abaixo de estudantes que possuem o mesmo nível socioeconômico em países com o mesmo perfil brasileiro. Em matemática, especificamente, mesmo os alunos mais ricos no Brasil tiveram um desempenho abaixo da média dos países da OCDE. Os estudantes brasileiros, não importando o estrato social, tiveram  desempenho em matemática abaixo dos alunos com perfil socioeconômico similar de países como Turquia e Vietnã.

 

Trocando em miúdos, 7 em 10 alunos não sabem o mínimo necessário em matemática, sendo que, em leitura, não conseguem compreender textos minimamente complexos. São dados que colocam o país nas últimas posições do PISA e escancaram – mais uma vez – o que nossas pesquisas internas constantemente demonstram.

 

É preciso transpor a negligência histórica e adotar os exemplos dos países que já passaram por um processo similar ao brasileiro e que foram bem sucedidos. É o que desejamos para 2024, com valorização e boa formação dos professores, autonomia das instituições  de ensino e  avaliação geral governamental de forma adequada e justa.

 


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