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Professores são mais valorizados após fase crítica da pandemia

Atualizado: 25 de out. de 2021

De acordo com os pais e responsáveis, 94% das crianças ou adolescentes tiveram alguma mudança de comportamento durante o período mais crítico da pandemia de Covid-19, ou seja, quando as aulas presenciais estiveram suspensas.


O que se percebeu nesta ocasião foram crianças e jovens mais abatidos, nervosos e com medo. Este foi o cenário apresentado pela pesquisa Datafolha “Onde e como estão as crianças e adolescentes enquanto as escolas estão fechadas?”, que ouviu 1315 responsáveis por mais de 2.100 crianças e adolescentes entre 4 a 18 anos, matriculados na rede pública ou fora da escola, de todo o Brasil, e também 218 pessoas com idades entre 10 e 15 anos.


Também foi possível perceber que crianças e jovens de famílias com renda mais baixa sofreram mais os efeitos da pandemia. Quase 60% das crianças e jovens com renda familiar de até 2 salários-mínimos tiveram ganho de peso; 51% passaram a dormir mais; 48% ficaram mais agitados, 46% ficaram mais tristes e 35% perderam o interesse pela escola.


Outro triste impacto da pandemia tem sido a insegurança alimentar: os dados apontam que 34% das famílias estão com menos comida do que o suficiente em casa, acirrando desigualdades que já eram perceptíveis entre os estados da federação. Quase metade das famílias de baixa renda no Nordeste apontam insuficiência na quantidade de comida, enquanto no Sul do país o dado cai para 18%.


Nessa pesquisa do Datafolha, realizada entre 16 de junho e 7 de julho de 2021, mostrou-se também que as refeições das crianças e adolescentes eram melhores antes da pandemia.


Maior valorização do trabalho dos professores


O período de paralização das aulas presenciais, época em que enfrentamos os maiores desafios na educação brasileira (e mundial), nos trouxe, contudo, experiências e heranças que podem ser importantes para a educação. O modelo híbrido de educação, por exemplo, é um legado concreto e, pelo menos para uma parcela da população, tem sido observada uma maior participação dos pais na rotina escolar dos filhos. Isso é o que diz mais recente pesquisa Datafolha, liberada agora, em outubro de 2021.


A análise, realizada com 1.021 pais ou responsáveis de estudantes das redes públicas municipais e estaduais, com idade entre 6 e 18 anos, no período de 16 de setembro a 2 de outubro, e com amostra de abrangência nacional, demonstra uma maior participação das famílias e maior valorização dos professores


O estudo, que recebeu o título de “Educação não presencial na perspectiva dos estudantes e suas famílias”, demonstrou que 51% dos responsáveis entendem que estão participando mais da educação dos estudantes no período da pandemia. O índice vai para 58% na região Sul e 57% no Centro-Oeste e aumenta para 58% entre os responsáveis com maior escolaridade, contra 47% entre aqueles com nível fundamental. 72% dos pais ou responsáveis admitem ter mais responsabilidade pela educação dos estudantes durante a pandemia do que antes dela.


A investigação demonstra que 71% dos responsáveis pelas crianças e adolescentes têm valorizado mais o trabalho desenvolvido pelos professores e 94% avaliam como muito importante que os educadores estejam disponíveis – ainda que não presencialmente - para correção de atividades e esclarecimento de dúvidas.


De fato, quando a escola “entrou” na casa daqueles alunos que têm acesso à internet e possuem dispositivos adequados para acessar as aulas, mostrou aos estudantes e aos seus familiares a amplitude do ofício de professor e dos desafios que enfrenta para estimular a participação de crianças e jovens durante a aprendizagem.


Mostrou aos pais e responsáveis que o trabalho como professor exige estudo, demanda muito empenho, formação continuada e tempo de dedicação, o que vai muito além do senso comum de que a docência é um dom.


Com os filhos em casa, enfim, os pais reconheceram o tamanho do esforço e complexidade do trabalho dos educadores, muito mais desafiador do que acreditavam ser.


Resta transformar a realidade e perpetuar esse efeito positivo, investindo nos profissionais como o fizeram países como Canadá, Cingapura e Chile, que, em decorrência dessa medida, obtiveram excelentes avanços na educação.


Outros achados


Em relação às aulas remotas, 64% também consideram que foram eficientes no aprendizado, ao passo que 36% afirmam que não o foram.


O mapeamento dos dados coletados desnudou os maiores desafios que ainda precisarão ser enfrentados. Infelizmente, os estudantes estão menos motivados. Em maio, 46% se sentiam desinteressados; agora são 54%. Mas os índices se mantiveram estáveis se comparados à pesquisa do ano anterior. Vale dizer que também houve um aumento na percepção das dificuldades em se estabelecer uma rotina de aprendizagem em casa.


Essa pesquisa também apontou outros fatores não relacionados à educação que afetaram as famílias durante a pandemia. A paralização das atividades presenciais, por exemplo, retirou refeições importantes para muitos estudantes em situação vulnerável, ocasionando, agora, grande insegurança em relação à saúde.


Entre os pesquisados, mais da metade têm em casa pessoas do grupo de risco para o coronavírus. Já 82% afirmam não terem tido contato com a Covid-19 e 18% foram contaminados pela doença. Esses dados precisam ser analisados com cuidado, tendo em vista a falta de um programa de testagem nacional para a doença.


44% dos entrevistados informaram estar hoje em situação social de isolamento flexível e apenas 4% têm vivido uma rotina muito flexível em relação ao isolamento. Por outro lado, 36% afirma ainda viver de modo rigoroso em relação aos protocolos contra a doença e 16% ainda estão em uma rotina muito rigorosa.


Para 42% das famílias cujos estudantes ainda não retomaram as aulas presenciais, a falta da refeição escolar pesa no orçamento. Os problemas são maiores no Nordeste. O auxílio emergencial tem sido percebido por 59% dos domicílios abordados, sendo 66% também na região Nordeste.


Esperança


A par dessas informações, por fim, interessante mencionar um terceiro estudo que indica que a volta da educação presencial não elevou o índice de contaminações por Covid-19.


O levantamento foi organizado pelo Vozes da Educação e traz dados de iniciativas de volta às aulas em 21 países, nos quais, mesmo com os alunos dentro das salas de aulas, não foi registrada evolução na curva de contágio nos dois meses subsequentes.


O Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças já havia publicado em dezembro de 2020 uma pesquisa nesse sentido e agora já se sabe com mais exatidão que o aumento de casos identificados na Europa a partir da abertura das escolas ocorreu em razão do relaxamento de outras medidas de distanciamento.


Ou seja, os focos de transmissão não foram os espaços escolares, de forma que o fechamento das instituições deve ser utilizado como último recurso de contenção da pandemia, ainda que os índices de contaminação voltem a subir.




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