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Crianças e telefones celulares no Brasil

O isolamento social e as aulas online durante a pandemia provocaram um aumento na proporção de crianças brasileiras que possuem smartphone próprio, assim como um aumento no tempo de uso desse dispositivo por elas. Essa foi uma das conclusões da pesquisa realizada pelas empresas Mobile Time e Opinion Box, que buscavam compreender o acesso de crianças brasileiras de 0 a 12 anos a smartphones de famílias cujos pais possuem esse dispositivo.


Também foi apontado o percentual de crianças que têm smartphone ou que usam emprestado dos pais, separadas em quatro faixas etárias e investigados quais são os aplicativos que elas mais acessam. Ainda, qual é a percepção dos pais sobre a relação dos filhos com essa tecnologia, assim como suas estratégias para conter o uso excessivo.


A realidade brasileira


Atualmente, nas famílias brasileiras cujos pais têm smartphone, 49% das crianças de 0 a 12 anos já possuem um aparelho próprio. 71% dos smartphones nas mãos dessas crianças têm um chip de operadora, podendo realizar ligações na rede telefônica e acessar a rede de Internet móvel.


De um ano pra cá, o maior crescimento de posse de celular aconteceu entre as crianças na faixa etária de 7 a 9 anos. No grupo de crianças de 10 a 12 anos, o percentual passou de 76% para 79%, havendo uma redução de cinco pontos percentuais na proporção de pais que emprestam seu smartphone para bebês de 0 a 3 anos.


Mais da metade (58%) dos pais cujos filhos têm um smartphone próprio apontam os estudos como um dos motivos para a criança possuir o aparelho, seguido por entretenimento (57%) e comunicação com eles (54%). Já entre os pais que emprestam seus smartphones aos filhos, a principal razão é entreter a criança enquanto realizam outras tarefas (57%). Já 41% informam que emprestam o aparelho para que os filhos desenvolvam habilidades com tecnologia. O prejuízo ao desenvolvimento das crianças é a principal razão para não se permitir o acesso delas a um telefone celular, apontam 66% dos pais cujos filhos não têm um dispositivo próprio e nem usam emprestado o seu.


O risco de exposição a conteúdo inapropriado vem em segundo lugar, seguido do risco à saúde. Uma pequena parcela dos pais dizem que não emprestam seu smartphone por medo que a criança o quebre.


O fato é que durante a pandemia os pais brasileiros ficaram mais permissivos no controle do tempo que seus filhos passam com o smartphone. Em um ano, de acordo com a pesquisa mencionada, caiu de 72% para 65% a proporção de pais que estipulam um limite máximo de tempo de uso por dia para as crianças.


E quanto mais velha a criança, mais tempo ela passa por dia com o smartphone. No grupo de 10 a 12 anos, 37% ficam quatro horas ou mais, sendo o uso excessivo reconhecido pela maioria dos pais.


Objeto de desejo


O celular se tornou um objeto de desejo para as crianças e compete com brinquedos na lista de presentes. 72% dos pais relatam que os filhos já pediram um smartphone de presente e o interesse cresce conforme a idade. Em um grupo de crianças pequenas, de 7 a 9 anos, 90% já fizeram esse pedido. No grupo de 10 a 12 anos, 94% delas já demonstrou querer um celular. Na visão dos pais os amigos dos filhos são o grupo que mais os influencia neste desejo.

Quais são os aplicativos mais acessados


O YouTube e o WhatsApp ainda lideram na lista de preferência das crianças e o TikTok foi o que mais cresceu em popularidade. O YouTube, de acordo com os resultados da investigação, subiu três pontos percentuais e agora é usado por 72% das crianças que possuem smartphone ou que usam emprestado dos pais. O WhatsApp avançou cinco pontos percentuais de um ano pra cá, alcançando 52%, com destaque para o crescimento de oito pontos percentuais na faixa de 7 a 9 anos, na qual 58% das crianças com smartphone utilizam o aplicativo de mensageria.


Mas o aplicativo com maior crescimento neste último ano, como já dito, foi o TikTok, que supera em acessos o serviço de streaming Netflix. O crescimento do TikTok foi expressivo tanto na faixa etária de 7 a 9 anos quanto na de 10 a 12, enquanto os aplicativos feitos com curadoria especialmente para o público infantil, (como YouTube Kids e PlayKids), perderam um pouco de espaço, caindo quatro e três pontos percentuais, respectivamente.


Jogos digitais


Os jogos digitais mais jogados pelas crianças brasileiras atualmente são Roblox, Minecraft, Free Fire, PKXD e Fortnite, nesta ordem, e a proporção de pais que afirmam sempre controlar o que os filhos fazem no smartphone caiu de 27% para 20% em um ano. Por outro lado, aumentou de 30% para 37% - do ano passado para esse - a proporção que afirma controlar “às vezes”, trabalho feito mais recorrentemente pelas mães que pelos pais.


Infelizmente, apenas 26% dos responsáveis utilizam alguma ferramenta de filtro ou controle do conteúdo acessado por crianças em seus smartphones. A ferramenta mais utilizada é o Google Family, citada por 21% dos respondentes.


Em relação a conversas pelo telefone, o controle é maior: 86% dos pais afirmam que controlam com quem os filhos conversam no telefone e a maioria deles não permite que seus filhos façam compras por conta própria dentro das lojas de aplicativos móveis.


Aulas online


A pesquisa aponta importantes avanços na oferta de aulas online nas escolas públicas no último ano, bem como na participação dos estudantes nessas atividades escolares digitais e no uso do smartphone como meio de acesso às classes virtuais.


“Nas escolas públicas subiu de 69% para 83% a proporção de instituições que oferecem aulas online, quase se igualando às escolas privadas (87%). O percentual de alunos de escolas públicas que assistem a todas as aulas online passou de 59% para 62%. Entre os alunos de escolas particulares subiu de 68% para 72%.
Na rede privada, o computador continua sendo o principal meio de acesso às aulas online, usado por 74% das crianças, mas houve um aumento significativo do uso do smartphone para essa finalidade, passando de 48% para 57%. Na rede pública, o principal meio de acesso é o smartphone”.

Menos da metade das crianças em escolas públicas acessam as aulas por um computador.


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Conclusões da pesquisa


É fato que a pandemia aumentou o acesso de telefones celulares por crianças e, ao mesmo tempo, seus pais relaxaram um pouco no controle sobre essa atividade. Houve o pretexto dos estudos e das aulas online, especialmente para estudantes da rede pública que não têm acesso a computador em casa.


Todavia, é muito importante lembrar que o uso excessivo de telas pode prejudicar o desenvolvimento infantil. Também é necessário um controle sobre o conteúdo por elas acessado nesses dispositivos, sendo uma discussão que deve envolver não apenas os pais, mas também professores, psicólogos e pediatras.


Todo o debate – e isso fica expresso no estudo apresentado - precisa ser acompanhado de estudos e pesquisas especializadas que ajudem a nortear os limites para um uso seguro dessa tecnologia por crianças. Hoje já se sabe que o uso inadequado de telas pode atrapalhar o sono e o desenvolvimento social e cognitivo infantil. Além do mais, de acordo com a pesquisa, o celular é uma porta para a Internet, o que significa um risco de exposição a conteúdos inapropriados.


Um sinal de alerta já apontado é a constatação de que aplicativos com curadoria infantil estão perdendo espaço e que YouTube e WhatsApp são os mais usados.


Enfim, é fundamental que se faça um debate aprofundado na sociedade sobre o acesso de crianças a smartphones e sobre a necessidade de controle sobre o conteúdo por elas acessado. Os pais, acima de tudo, precisam ser conscientizados, o que envolve de alguma forma, como uma percepção nossa, a instituição de ensino, por meio de seus professores, psicólogos, pedagogos e, por que não, pediatras chamados ao debate. Estudos e pesquisas irão ajudar a nortear os limites para o uso seguro da tecnologia por crianças. Responsabilidade de todos.


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Sobre a fonte: Pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box - Crianças e smartphones no Brasil - outubro de 2021 - tendo sido entrevistados 1.962 brasileiros que acessam a Internet, possuem smartphone e são pais de crianças de 0 a 12 anos, respeitando as proporções de gênero, idade, renda mensal e distribuição geográfica desse grupo. As entrevistas foram feitas on-line entre 15 e 23 de setembro de 2021. A pesquisa tem validade estatística, com margem de erro de 2,2 pontos percentuais e grau de confiança de 95%.


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