top of page
Ana Luiza Santos e Edgar Jacobs

Gestores escolares devem atenção ao Referencial de Saberes Digitais Docentes

Atualizado: 1 de out.

Foi publicado pelo Ministério da Educação, via Secretaria de Educação Básica, o Referencial de Saberes Digitais Docentes para o uso de tecnologias digitais nos processos de ensino e aprendizagem do Ensino Fundamental e Ensino Médio.


A ideia é contribuir para a realização dos objetivos da Política de Inovação Educação Conectada  - Lei nº 14.180/2021 - e da Política Nacional de Educação Digital - Lei nº 14.533/2023 -, bem como para:


  • atender os objetivos da Estratégia Nacional de Escolas Conectadas (Decreto nº 11.713/2023);

  • criar condições para apoiar as secretarias no planejamento de formação continuada; e

  • favorecer o autodesenvolvimento dos professores, estimulando a reflexão sobre sua didática enquanto sujeitos atuantes, conforme as necessidades de seu contexto social e educacional.


Leia nossos textos



Pois bem, o primeiro alerta do MEC no documento Referencial de Saberes Digitais Docentes é sobre a aplicabilidade limitada do uso de tecnologias digitais nos processos de ensino e de aprendizagem na Educação Infantil, principalmente devido ao nível de autonomia requerido para as práticas sugeridas. Na Educação Infantil, as crianças obviamente estão em uma fase inicial de desenvolvimento cognitivo, social, motor, de autonomia pessoal e habilidades de autogerenciamento, o que requer outras demandas.


Há também uma recomendação de autorreflexão sobre os saberes digitais relacionados no manual para professores do Ensino Fundamental e Médio: as práticas sugeridas devem ser adaptadas e aplicadas para complementar e enriquecer o processo educacional, sem comprometer o desenvolvimento em qualquer faixa etária.


A propósito, os professores da Educação Infantil receberão um material específico.


Referencial de Saberes Docentes


O Referencial de Saberes Digitais Docentes está organizado em três dimensões, cada uma delas contendo conhecimentos específicos que, quando desenvolvidos, colaboram para a intencionalidade pedagógica do uso das tecnologias digitais na prática docente.


Cada dimensão lida com um aspecto do uso das tecnologias digitais e ajuda a identificar os objetivos de aprendizagem de cada professor, orientando o desenvolvimento de programas de formação continuada, planejados pelas secretarias de educação.


As dimensões são:


  1. Ensino e Aprendizagem com uso de tecnologias digitais

  2. Cidadania digital

  3. Desenvolvimento Profissional


Já os saberes digitais são divididos em “Compreensão” e “Prática”. 


Compreensão diz respeito ao conhecimento teórico e à capacidade de entender os princípios, teorias e conceitos subjacentes ao uso de tecnologias digitais nos processos de ensino e de aprendizagem. 


Prática é a aplicação efetiva destes conceitos e teorias, sendo  importante para transformar o conhecimento teórico em ações concretas que impactam diretamente a prática pedagógica.


Inteligência artificial


No Referencial, o saber relacionado ao uso de inteligência artificial  aparece de modo transversal.


No saber “Análise de dados”, a IA oferece apoio na análise de dados para personalizar o ensino, adaptando conteúdos e métodos às necessidades individuais; já nas dimensões “Ensino e Aprendizagem com uso de tecnologias digitais” e “Desenvolvimento Profissional”, os professores capacitados para integrar a IA em suas práticas podem desenvolver métodos de ensino inovadores, como o uso de sistemas adaptativos e ambientes virtuais que respondem dinamicamente aos estudantes. No saber “Prática Inclusiva”, a IA também pode ser utilizada para promover a inclusão, auxiliando na identificação de tecnologias assistivas e na criação de conteúdos acessíveis para estudantes com diferenças, dificuldades, transtornos e/ou deficiências.


A tecnologia assistiva, bom especificar, é justamente o conjunto de recursos e serviços que pretendem promover a funcionalidade, a independência e a inclusão social de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida.


Leia também



A dimensão Ensino e Aprendizagem com uso de tecnologias digitais


É o entendimento e aplicação de princípios relacionados à integração das tecnologias digitais nas estratégias de ensino e de aprendizagem, na produção e criação de conteúdos, na geração e  gestão de dados e nas práticas inclusivas.


Os saberes incluem a prática pedagógica, cuja compreensão inclui Identificar e explicar conceitos e estratégias relacionadas à integração das tecnologias digitais na prática pedagógica. Vão ser incorporadas tecnologias digitais às estratégias de ensino, aos processos de avaliação e criação de experiências que atendam às necessidades de cada estudante.


Inclui uma Curadoria e Criação, o que sejam, a identificação e a explicação dos conceitos, estratégias e recursos digitais necessários à curadoria e à criação de conteúdo digital que contribuam para a gestão de sala de aula e para os processos de ensino e de aprendizagem. 


Na prática é pesquisar, adaptar, curar, criar, publicar e compartilhar conteúdos digitais para o planejamento didático e as experiências de aprendizagem dos estudantes.


Também vai incluir a Análise de dados. Sua compreensão significa identificar e explicar como as tecnologias e ferramentas digitais podem auxiliar na análise crítica da prática pedagógica com base em diferentes dados que podem impactar a aprendizagem dos estudantes.  Na prática é analisar, compreender e interpretar dados, identificando tendências, padrões e discrepâncias, como, por exemplo, dados de avaliações internas e externas, gênero e raça, que apresentam informações sobre as necessidades de aprendizagem dos estudantes e podem indicar caminhos para replanejar as ações pedagógicas e inovar suas práticas.


A terceira vertente é a Prática Inclusiva, cuja compreensão significa identificar tecnologias assistivas e softwares específicos para promover a inclusão de estudantes com diferenças, dificuldades, transtornos e/ou deficiências e, na prática, exige que se desenhem estratégias de aprendizagem mediadas por tecnologias digitais e assistivas, com elaboração de conteúdos adaptados e acessíveis para garantir a participação plena de todos os estudantes.


A dimensão Cidadania Digital


Os conhecimentos aqui incluem o uso responsável, seguro e crítico do mundo digital.


Para o uso responsável, a compreensão necessária é identificar e explicar os aspectos legais e éticos relacionados ao uso de tecnologias digitais para uma convivência respeitosa na internet, como em questões de direitos autorais, direitos de imagem e o impacto do uso excessivo de tecnologias na saúde mental e no bem-estar para si, para os estudantes e demais atores da comunidade escolar. Na prática é promover o uso ético das tecnologias digitais, considerando usar e aplicar, por exemplo, elementos de direitos autorais e de imagem, boas práticas de uso da internet, reflexões sobre cyberbullying, crimes digitais, bem como o impacto do uso excessivo das tecnologias digitais na saúde mental e no bem-estar, incentivando um equilíbrio entre o tempo on-line e off-line.


O uso seguro açambarca a identificação de estratégias e normativos relacionados à proteção de dispositivos, conteúdos, dados pessoais e privacidade de si e dos estudantes no uso das tecnologias digitais, bem como identificar e evitar riscos e ameaças on-line. E a prática de utilizar estratégias para proteção de informações pessoais, privacidade e identificação de ameaças on-line.


Neste tópico não poderia ficar de fora o uso crítico da tecnologia, que compreende perceber estratégias relacionadas aos modos de produção, transmissão e disseminação de informações, além da avaliação da credibilidade e confiabilidade de conteúdos em ambientes digitais. Para isto, como prática, os gestores deverão desenvolver e incentivar a abordagem crítica na interpretação de informações, para avaliar a credibilidade e confiabilidade de informações e conteúdos em meios digitais.


Leia também



A dimensão do desenvolvimento profissional


Nesta dimensão pretende-se a adoção de estratégica de recursos, tecnologias digitais e ambientes virtuais de aprendizagem para formação contínua e inovação pedagógica; participação em comunidades de aprendizagem para criação e compartilhamento de conhecimentos e práticas; uso de recursos digitais para facilitar a organização e o planejamento pedagógico.


Espera-se que sejam identificadas estratégias, recursos e tecnologias digitais que possam contribuir para a formação continuada e a inovação pedagógica. Na prática, significa o uso de recursos e fontes digitais no processo de formação continuada, o que contribui para o desenvolvimento profissional dentro da escola.


O uso de recursos digitais para a gestão escolar também deve compreender, identificar e selecionar ferramentas digitais para a organização, planejamento e execução de atividades administrativas da prática pedagógica. Na prática, significa criar, utilizar e implementar ferramentas digitais para organizar, simplificar e otimizar tarefas que envolvem planejamento e gestão da aprendizagem dos estudantes e também facilitar atividades administrativas rotineiras.


Leia também



Como se deu a escolha destas três dimensões


A escolha das três dimensões do Referencial de Saberes Digitais Docentes – ensino e aprendizagem com uso de tecnologias digitais, cidadania digital e desenvolvimento profissional – foi fundamentada na necessidade de um desenvolvimento abrangente e equilibrado dos conhecimentos digitais dos professores.


No entendimento do MEC, seu Referencial aborda aspectos críticos que, juntos, promovem uma prática pedagógica mais eficaz, consciente e atualizada às demandas da sociedade, que seriam professores com habilidades para utilizar tecnologias digitais de maneira intencional e pedagógica e com possibilidades de explorar novas metodologias e recursos educacionais.


E é fato: no contexto digital atual, é essencial que professores e alunos compreendam as implicações éticas e legais do uso da tecnologia. Isso inclui questões de privacidade, segurança digital e comportamento on-line responsável.


Promover este tipo desenvolvimento faz com que os professores reflitam sobre suas práticas, sobre suas (in) capacidades e busquem aperfeiçoamento contínuo. Ganham o profissional, a escola, o aluno e a sociedade.


O Referencial foi inspirado em práticas internacionais, citada em específico a Espanha, Austrália e Estados Unidos. 


Leia também



Gostou deste texto? Faça parte de nossa lista de e-mail para receber regularmente materiais como este. Fazendo seu cadastro você também pode receber notícias sobre nossos cursos, que oferecem informações atualizadas e metodologias adaptadas aos participantes.


Parceria ILAPE - Jacobs Consultoria. e Ensino. O Edital do Programa Mais Médicos foi modificado. São dias a mais para preparar seus projetos. Quer saber como? Entre em contato.


Temos cursos regulares já consagrados e modelamos cursos in company sobre temas gerais ou específicos relacionados ao Direito da Educação Superior. Conheça nossas opções e participe de nossos eventos.

22 visualizações

Comments


bottom of page