top of page

Como ajudar os estudantes na transição para o EAD em 12 passos

Atualizado: 14 de abr. de 2020

O ensino a distância cresceu aos poucos durante as duas últimas décadas. Em 2005 foi oficializado e um enorme salto em volume e qualidade foi dado nos últimos anos. Continuaríamos a passos largos aprimorando-o, mas a pandemia CODIV-19 criou uma necessidade imediata e mundial do processo e as pessoas - milhões delas - foram impactadas com uma nova realidade. A transição abrupta para a sala de aula virtual preocupa educadores e estudantes ao redor do mundo, não só pelo desconhecimento das ferramentas utilizadas, mas pelo receio de prejuízo educacional.


No EAD nós temos um ambiente, novo para muitos e desafiador para todos, que pode proporcionar um aprendizado tão efetivo e bem-sucedido quanto o presencial, desde que professores e estudantes estejam preparados para tanto.


Enquanto o professor precisa focar em como vai adaptar suas leituras e materiais para que sejam bem recebidos nas aulas online, também é muito importante que o aluno analise como vai se adaptar – individualmente ou em grupo. Neste momento, nesta transição abrupta, podemos considerar alguns passos importantes a serem dados pelo professor, o responsável direto por conduzir os alunos neste período sem precedentes.


1. Informe-se se seus alunos estão tecnicamente preparados


O professor deverá, tão logo consiga, assegurar-se de que seus alunos possuem as tecnologias de acesso ao virtual. Os alunos possuem dispositivos de acesso à internet? Possuem os softwares e aplicativos necessários?


Não que o professor precise ter todas as respostas imediatamente, mas precisa ser uma fonte de informação para seus alunos, podendo, para isso, procurar ajuda nos setores especializados das escolas, que também devem estar à disposição para prestar a assistência necessária. O ideal é que todos os alunos tenham este suporte técnico, evitando que alguém seja preterido em relação ao acompanhamento das aulas.


2. Confie nos seus alunos


Não há como verificar o que os alunos estão fazendo, por isso é importante que o professor lhes dê tarefas e trabalhos e confie no seu progresso. Existe uma grande chance de os alunos estarem se sentindo sem propósito e desanimados, de forma que a confiança do professor pode ser um agregador.


3. Dê voz aos alunos para relatarem suas ansiedades em relação ao isolamento social


A necessidade de isolamento social impacta a todos. E os alunos, cada um a sua medida, possuem preocupações e angústias relacionadas ao fato. O professor, como educador, deve perguntar inicialmente como seus alunos estão lidando com a situação e deve estar apto a ouvir suas questões. Abrir um espaço nas aulas para os estudantes expressarem suas emoções cria uma boa conexão professor/aluno e pode ajudar e muito na interação necessária. Ignorar a pandemia é ignorar a razão pela qual a mudança súbita aconteceu. Seria ignorar o elefante na sala virtual, como muito bem se referiu a professora de Harvard, Tsedal Neeley no artigo 10 Ways to Help Your Students Cope with the Transition to Virtual Learning.

É sabido que os professores têm um importante papel na vida dos alunos. A depender da idade, podem ajudar (mais ou menos) os estudantes a passarem de maneira mais branda pelos eventos dramáticos. De qualquer forma, seja qual for a maneira pela qual o professor escolherá dar este suporte aos alunos, é importante lembra-los de que não estão sozinhos e que irão passar por isso juntos.


É interessante que o professor estimule o aluno a habilitar a função de vídeo, de forma a aumentar a conexão entre eles, mas entenda que isso não é obrigatório. Obviamente o aluno precisa se sentir confortável, mas é bastante interessante, inclusive para o professor perceber como a audiência está recepcionando o material fornecido. Não é porque o professor está em vídeo que sorrisos e pequenas brincadeiras não podem ser feitas, cuidando para que o aluno seja sempre chamado pelo nome.


4. Estipule regras básicas desde o início


É importante que o professor estipule regras básicas desde o início das aulas on-line. É recomendável que comunique aos alunos que não façam outras tarefas durante a aula, como checar o telefone, por exemplo. Mais uma razão para que habilitem a função de vídeo e o professor possa transmitir o que havia planejado para o dia.


Fazer uma combinação com os alunos, respeitando as faixas etárias, também é bastante recomendável. Planejar pausas e o tempo de duração, bem como os momentos para perguntas ou conversas entre a turma deve ser feito com antecedência. A participação dos alunos para definir estas questões pode ser bastante proveitoso.


5. Dê assistência aos alunos mais necessitados


Alunos em dificuldades normalmente se isolam mais, se comunicam menos e quando são visualizados online são os mais inibidos. Esse aluno pode estar precisando de mais envolvimento e contato. Verifique se eles têm o que necessitam. É importante que o professor saiba e consiga direcionar o estudante quando mais precisam. Dependendo da faculdade/universidade, existem inclusive serviços de assistência e suporte. Utilize-as, ainda que remotamente caso estejam em funcionamento.


6. Encontre novas formas de acessar o emocional de seus alunos


É muito importante que o professor tente encontrar formas de acessar o emocional de seus alunos, lembrando-os que o período de tão drástica mudança é provisório. O mundo mudou e talvez nada mais seja como antes. Mas aulas totalmente remotas e todos em isolamento são, em primeira instância, momentâneas. O professor não tem como fazer previsões do que vai acontecer e o “quando” é um mistério para todos nós. Mas pode ser um conforto e alívio para os estudantes a lembrança de que vivemos um estado passageiro, mais ou menos duradouro, mas não permanente.


Encontrar momentos para que os estudantes, como um grupo, se expressem, tanto neste aspecto quanto sobre o conteúdo das aulas, faz com que o relacionamento não seja apenas expositivo, permitindo que o aluno se sinta acolhido. Acessar o emocional do aluno permite que o professor capte melhor se o estudante ouviu e entendeu a matéria; estar em contato após os momentos online via mensagens, e-mails ou aplicativos e plataformas próprias também é bastante interessante.


7. Seja positivo


Apesar das circunstâncias inesperadas que motivaram essa mudança brusca para o aprendizado digital, lembre-se: todos estão desenvolvendo habilidades virtuais que serão úteis ao longo de suas carreiras na era digital. Enfrente essa mudança de frente e tire proveito dos pontos fortes do aprendizado on-line; a experiência pode ser bem-sucedida para todos.

8. Crie uma cultura de aulas/salas virtuais


O surgimento de uma cultura de aulas/salas virtuais já era esperado, mas não houve quem previsse a reviravolta trazida por uma pandemia que exige isolamento social. Então, é necessário que alguns passos sejam dados imediatamente, isso para contribuir e facilitar a assimilação desse novo processo.


É ruim para o aluno sentir que perdeu o acesso ao professor. Não significa que o profissional deve estar à disposição dos alunos 100% do tempo: significa que o aluno deverá saber quando e como poderá entrar em contato, sendo o atendimento feito de maneira equânime para toda a turma. Ciente de tudo o que acontece e podendo sanar dúvidas nos momentos apropriados, o aluno toma um pouco do controle do processo para si, o que é recomendável.


Como ocorre em aulas presenciais, alguns alunos costumam dominar os debates, conversas e são os responsáveis pelas dúvidas durante as aulas online. É interessante que o professor abra o espaço também para os demais, chamando-os a participar, sempre respeitando as peculiaridades do indivíduo.


9. Planeje formas diferentes de engajamento


É interessante e esperado que a cada 20 minutos, mais ou menos, o professor modifique a forma pela qual expõe a matéria lecionada, usando slides, vídeos curtos, pesquisas, atividades de reflexão e simulações com a realidade. É um novo ritmo que precisa ser criado, dependendo, claro, da idade dos alunos e comprometimento da turma. Alunos mais maduros poderão debater mais e precisarão de menos estímulos visuais (embora sejam interessantes), enquanto alunos mais novos se sentirão muito desestimulados caso a aula seja apenas expositiva.


10. Reconheça o impacto psicológico do ensino pela tela


Sem o contato presencial, tanto professores quanto alunos podem se sentir isolados e solitários. Vamos nos lembrar que estamos tratando de pessoas – em sua maioria, pelo menos – que talvez ainda não tenham tido nenhum contato com aulas virtuais. Mais a mais, quando a plataforma virtual é escolhida o aluno conhece, em alguma medida, o que está por vir e o que vai receber. No caso das aulas presenciais subitamente encaminhadas para o online é um tanto diferente.


Não existem mais encontros e conversas antes e depois das aulas, podendo ser interessante, principalmente para os adolescentes, a sugestão de grupos e encontros virtuais da turma para tratar de assuntos do dia-a-dia. Neste caso não há curadoria do professor, que apenas sugere e indica alguma plataforma atraente.


Alguns especialistas, como o também professor de Harvard Andy Molinski, indicam manter o contato visual durante as aulas, aproximando o rosto da tela, o que reduziria a sensação de afastamento.


Costumo me aproximar para o mais perto possível da câmera para fazer contato visual com os alunos e perceber como estão reagindo à aula. (Tradução livre de trecho do texto Virtual Classes Don’t Have to Be a Bore, de Andy Molinsky).

11. Acostume-se a receber os feedbacks com atraso

É importante que o professor entenda que vai receber feedbacks diferentes neste momento. Dificilmente eles virão em tempo real. Nos encontros online normalmente a plateia se mantém mais quieta e as interações costumam acontecer de maneira mais frequente nos bate papos atrelados às transições. Estimule os alunos a participar desta maneira também.


12. Tenha bom senso

Não é hora de exigir atividades com prazos exíguos; entenda que os alunos não necessariamente estão cursando apenas a sua disciplina. Mesmo com o isolamento social, os estudantes estão fazendo diversas atividades e nesse sentido pode ser que eles também não deem conta de todas as tarefas solicitadas.


Passe instruções claras, se possível por meio de vídeo. Interessante também distribuir os pontos de suas avaliações ao longo do tempo, evitando uma sobrecarga desnecessária.


Saiba relevar alguns atrasos e entenda que a maior parte dos alunos também deseja que o resultado desse desafio seja o melhor possível. Trabalhe em parceria.


Gostou deste artigo? Faça parte de nossa lista de e-mail para receber regularmente textos como este e notícias de seu interesse. Nas últimas semanas publicamos vários textos que envolveram os temas pandemia do coronavírus e educação. Confira.


597 visualizações
bottom of page