Há poucos dias publicamos conteúdo sobre a situação geral das IES segundo o Mapa do Ensino Superior de 2022. O texto foi produzido a partir do material produzido pelo Instituto Semesp, que por agora nos subsidia para relatar a situação específica dos cursos de Saúde.
O Mapa foi relatado a partir dos dados do Censo da Educação referentes a 2020 e informados pelo Inep no início de 2022, bem como dados do IBGE, do ENEM, do PROUNI, CAGED e Big Data Analytics. As informações, portanto, estão atualizadas com os números oficiais apresentados após o período de maior impacto da pandemia no ensino superior.
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Situação geral dos cursos da Saúde
A área da Saúde é a segunda com o maior número de matrículas no Brasil (2,16 milhões de matrículas); ela fica atrás apenas de Negócios, Administração e Direito. No caso, quase um quarto de todos os estudantes brasileiros (24,9%) estão nessa área, a maior parte deles na região Sudeste.
Obviamente, a área também foi afetada pela pandemia da Covid-19, mas algumas peculiaridades destes cursos os colocaram em evidência. À época de maior crise, houve a necessidade de mais profissionais atuando na linha de frente contra a doença, então tivemos alteração na legislação para permitir a antecipação da colação de grau de estudantes de alguns cursos, como Medicina e Enfermagem.
Também, vários cursos são ofertados apenas na modalidade presencial, o que fez com que fossem os primeiros a terem o retorno das aulas e atividades presenciais.
O relatório do Semesp aponta:
“uma certa resiliência dos mesmos em comparação com os dados das demais áreas. Em relação ao número de IES que ofertam esses cursos, por exemplo, enquanto a rede privada registrou queda de 6,6% no geral, na área de Saúde este recuo foi bem menor, apenas 0,7%. O decréscimo no número de matrículas presenciais da rede privada no geral foi de 10,8%, contra uma diminuição de 1,5% nos cursos de Saúde. Já no EAD, a área registrou um salto de 47,2% nas matrículas, o que mostra um aumento no interesse por esse tipo de curso. ”
A pandemia, de certa maneira, ampliou o mercado de trabalho e valorizou os profissionais da área, motivo pelo qual muitos estudantes fizeram a opção por esses cursos - além da vocação profissional.
Em 2020, de acordo com dados do MEC, 88,4% das IES brasileiras que ofertaram cursos na área de Saúde estavam na rede privada e São Paulo, apesar de ter o maior número geral de estudantes na Saúde, não é líder na rede privada. Neste tópico a liderança é da Paraíba, o estado com maior número de alunos em cursos da área de Saúde (44,0%). Já na rede pública, o estado com maior participação de alunos na área é Sergipe, com 19,0%.
As matrículas presenciais do curso de Medicina na rede privada cresceram 13,4% de 2019 para 2020. O curso da área da Saúde que apresentou maior número de matrículas presenciais em 2020 na rede privada foi Psicologia, com 250 mil alunos (17,4%). Para comparação, em 2016, Enfermagem era o curso de Saúde líder de matrículas presenciais na rede privada.
Uma observação a ser feita é que, para efeito deste estudo, foram considerados como área da Saúde os cursos de Psicologia, Estética e Cosmética, Medicina Veterinária, Gestão da Saúde e Gestão Hospitalar, que não estão categorizados pelo INEP como de Saúde e, sim, como “Ciências Sociais, Comunicação e Informação”, “Serviços”, “Agricultura, Silvicultura, Pesca e Veterinária” e “Negócios, Administração e direito”, respectivamente.
Oferta de cursos EAD
A rede privada ainda domina a oferta de cursos EAD na área de Saúde, concentrando 99,9% (!) das matrículas em 2020. No mesmo ano, foram registradas apenas 343 matrículas em cursos de Saúde na modalidade EAD na rede pública.
O curso com maior número de matrículas EAD na rede privada foi Educação Física, que apontou um crescimento de 28,9% de alunos de 2019 para 2020. Mas, em matéria de crescimento no mesmo período, Farmácia e Biomedicina passaram à frente.
Ingressantes em Cursos Presenciais
Em 2020, 32,6% do total de ingressantes em cursos presenciais no país eram calouros da área de Saúde, com 89,0% destes alunos matriculados em IES da rede privada. De 2019 para 2020, esse número apresentou uma queda de 6,6%, com diminuição de 6,6% de calouros em cursos de Saúde na rede privada e 6,7% na rede pública. A redução nos números, porém, foi bem menor do que em relação aos cursos presenciais no geral.
Ingressantes em Cursos EAD
Em 2020 tivemos um grande salto no número de ingressantes em cursos EAD. O aumento foi de 42,8% em comparação com o período anterior (2019), com praticamente 100% deles concentrados na rede privada (apenas 46 calouros na rede pública).
Concluintes em Cursos Presenciais
De todos os cursos presenciais, 27,9% do total de egressos em 2020 era da área de Saúde, sendo 86,3% deles das IES da rede privada. No comparativo com o período anterior, houve estabilidade no total de concluintes da área. O que ocorreu nesse período foi um aumento de 3,4% na rede privada e queda de 18,8% na rede pública.
Concluintes por Curso Presencial - Rede Privada
Em 2020, Enfermagem foi o curso presencial da rede privada com maior número de concluintes (35,1 mil alunos). De 2019 para 2020, Medicina registrou um aumento de 27,4% no número de concluintes. Esse crescimento pode ser justificado, segundo o relatório do Semesp, em virtude da medida que permitiu que estudantes de Medicina do último semestre antecipassem a formação para que pudessem atuar na linha de frente contra a Covid-19.
Concluintes por Curso EAD - Rede Privada
Serviço Social foi o curso EAD de Saúde com maior número de concluintes – e o mais ofertado - em 2020 (11,9 mil formados) e o curso de Enfermagem foi o que registrou maior aumento de 2019 para 2020, com salto de 435% no número de concluintes, também graças à possibilidade de antecipação das.
Cursos Presenciais na Área de Saúde - Rede Privada
O curso de Medicina Veterinária registrou o maior crescimento no número de cursos ofertados pela rede privada de 2019 para 2020 e Serviço Social teve a maior queda na oferta.
Evasão
De 2019 a 2020, o número de trancamentos subiu 15,9%, sendo 8,5% de aumento na rede privada e 116% na rede pública; o Mapa do Ensino Superior reputa o dado ao fato de que as IES públicas demoraram mais em adotar aulas remotas.
Os cursos presenciais com maior percentual de aumento de trancamentos no período foram Estética e Cosmética (32,5%) e Psicologia (19,1%).
Em relação ao EAD, 10,1% do total de matrículas trancadas em 2020 eram em cursos da área de Saúde, com aproximadamente 100% delas na rede privada (a rede pública registrou apenas 29 matrículas trancadas nesse tipo de curso no período). De 2019 para 2020, houve um aumento de 78,7% no total de trancamentos em cursos EAD da área de Saúde.
Ainda no EAD, Biomedicina e Farmácia tiveram os maiores percentuais de aumento no número de trancamentos.
Financiamento
O relatório aponta que os cursos da área de Saúde também têm sofrido com a queda de financiamento. Em relação ao financiamento reembolsável próprio da IES, a queda foi de 6,4 pontos percentuais de 2019 para 2020. O FIES, no caso, registrou um recuo menor no período (1,9 ponto percentual), mas a queda acumulada desde 2014 é de 30,8 pontos percentuais.
O financiamento não reembolsável de estudantes da área de Saúde também caiu de 2019 para 2020. No caso do financiamento das próprias instituições de ensino, a queda foi de 1,2 ponto percentual no período. O recuo do ProUni parcial ou integral foi um pouco maior, 2,0 pontos percentuais.
Perfil dos alunos
A maioria dos alunos da área da Saúde são do sexo feminino, com um percentual bem acima das demais áreas. Aqui, 73,2% dos estudantes são mulheres, enquanto nas demais áreas esse montante é de 52,8%.
Estética e Cosmética e Podologia superam a marca dos 90% de estudantes do sexo feminino.
Educação Física e Optometria possuem a maioria dos estudantes do sexo masculino.
Procedência do Aluno
Existe uma maior elitização da área. O número de estudantes dos cursos de Saúde provenientes do ensino médio privado, portanto, é 5,6 pontos percentuais acima da média dos demais cursos.
71,1% dos estudantes de Medicina são egressos do ensino médio privado.
Cor/Raça/Faixa etária
Segundo o Mapa do Ensino Superior, os cursos da área de Saúde têm um pouco mais da maioria de estudantes autodeclarados brancos, um patamar similar às demais áreas. Mas o número de estudantes autodeclarados negros é um pouco menor, com 7,6% na área de Saúde e 9,0% nas demais áreas.
Os cursos são frequentados por estudantes mais jovens, com 53,9% deles na faixa etária até 24 anos.
Escolha da Instituição de Ensino
A opção com maior número de respostas foi a qualidade e a reputação da IES, com 35,6%. Em segundo lugar, foi escolhida pela proximidade da residência, seguido por preço da mensalidade.
Empregabilidade
Segundo dados do Novo CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), em relação aos meses de janeiro a março de 2022, houve variação no número de admissões de profissionais com ensino superior completo da área de “Saúde Humana e Serviços Sociais”. A área registrou mais admissões do que desligamentos no período que coincide com o início da pandemia.
“No acumulado do ano de 2020, o grupamento “Saúde Humana e Serviços Sociais” contabilizou um saldo positivo de 21 mil empregos formais com ensino superior completo (201 mil admissões contra 180 mil desligamentos), enquanto as demais áreas de serviços juntas apresentaram um saldo negativo de 77 mil empregos.”
Esse impacto no mercado de trabalho foi ocasionado, obviamente, em razão da crise sanitária que aumentou a demanda por profissionais da Saúde, inclusive daqueles que puderam antecipar a conclusão de curso em virtude da pandemia.
Enfim, a área da Saúde foi alvo de uma análise bem mais elaborada, o que nos permitiu verificar que continua sendo uma área promissora para as IES. Mais detalhes podem ser encontrados em Instituto Semesp; Mapa do Ensino Superior.
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